segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A pessoa certa

E quem disse que se ama a pessoa certa? A pessoa certa não pode ter um sorriso tão transparente, olhos tão azuis que te confundem, não pode viver só de risadas... não pode não ter a menor noção do futuro, porque simplesmente não gosta de planejar. Ela não pode ser boba até dizer chega, ficar dançando na frente da câmera feito um mongol, não. Ela não pode falar tudo de maneira confusa e enrolada, de forma que nem ela mesma se compreenda. Ela não pode adorar acordar super cedo, gostar tanto de praia assim a ponto de trazer a areia pra sua cama. Ela não pode ser ridícula a ponto de fazer gracinha com sua forma de falar inglês... com seu jeito de ser. Ela não pode ser tão despretensiosa, tão irresponsável, tão criança... tão desplanejada. Ela com certeza não pode te deixar no Brasil e viver na Austrália.... e pior, ter nascido lá! Ela não pode falar só inglês... nem não saber falar uma só palavra em português. Ela não pode estar sempre com seu cabelo loiro despenteado e grandão... ela não pode andar sempre com o pé descalço e por isso sempre preto... ela não pode só usar roupas de segunda mão, e até furadas. Ela não pode não querer um trabalho padrão, não querer ser uma pessoa cheia da grana... ela não pode querer apenas conciliar trabalho com conhecer o mundo. Que louca esse pessoa! Pois é... mas é exatamente esse ai que me completa e que me faz muito feliz. Por tudo isso e por outras tantas qualidades que se mostraram tão sem querer... como saber fazer massagem, cozinhar e cortar o cabelo (!), além das qualidades que eu realmente preciso: coração maior do mundo, me faz rir até passar mal e é reciproco ao meu amor. E quem disse que a pessoa certa é a que nos faz feliz?

Tristeza minha, bem vinda.

Angústia, aperto no coração, dor, tristeza, desespero posso dizer... nunca vivi tanto sentimentos ruins. Nem sabia que eles existiam, e agora eles estão todos juntos, de uma vez, dentro de mim. Bom, acho que já tava na hora de me tornar humana; de me permitir sentir. E estou me permitindo. É isso... estou me permitindo sofrer. Estou literalmente curtindo minha fossa. E a tristeza ainda veio junto com a solidão, o que torna tudo ainda mais doloroso. As vezes fico ainda querendo lutar contra... acho que posso estar perdendo tempo por aceitar a solidão... o não querer fazer nada... de querer que o meu melhor conselheiro sejá a minha cama... seria tudo isso loucura? O meu lado cidadão me questionando. Mas daí, nessa procura por quem realmente eu sou, em meio a tudo o que acho que sou, a tudo o que acham que sou, e principalmente a tudo que quero ser e com quem quero ser... percebo que também sou essa cidadã, com toda essa história. E que não posso negar isso. E por isso não me nego o direito de sofrer. Não digo que estou gostando disso, não sou hipócrita... apenas estou entendendo o seu valor. Me encontro na sabedoria de estar, simplesmente, permitindo deixar as coisas acontecerem... aceitando que não tenho o controle de tudo. E como é bom não tê-lo. E isso me faz enxergar com melhores olhos minha história e entender que tudo isso faz parte do que sou. Sou eu. E euzinha sou sim capaz, e que não está na vitória o mérito disso, e sim no que pego pra mim no infinito que percorro. E já percebo o quanto que estou amadurecendo com isso... os frutos já aparecem, sem nem a gente entender como e porquê. Percebo que quanto mais paciente eu me torno diante da tristeza, da solidão, mais rápido o novo me invade e como que me torno tão merecedora dele. E o novo, também desconhecido, acredito que de certa forma também se mobilizará para uma coisa positiva pra mim. Mas hoje entendo que é exatamente essa inquietude que me provoca essa transformação, essa evolução. É o desconforto que provoca o crescimento. Como eu nunca tinha entendido a simples frase: pra se fazer uma omelete, é preciso quebrar os ovos.... acho que nunca a coompreendi tanto.